quinta-feira, 28 de abril de 2011

Não me abandone...jamais!

    Hoje, depois de rever um pouco do filme "Nerver let me go", entendi. Entendi o quanto a vida é curta e fugaz, assim como o tempo, assim como o momento que passamos com as pessoas que amamos. A vida é curta e extremamente valiosa. Valiosa como as coisas que não temos. Valiosa como as pessoas que perdemos. Valiosa como os nossos sonhos.
    Todos nós vamos embora um dia sem ao menos saber o porquê de estar vivo, no mundo, com pessoas tão humanas como nós mesmos. A angústia de não saber o futuro nos faz querer adiar cada coisa importante que temos pra fazer, como que se pudéssemos ter o controle da vida e saber que teremos tempo amanhã. Não! Não temos! É exatamente com isso que devemos nos acostumar. Muitas pessoas depositam toda a angústia de viver em uma vida após essa vida que temos.Como se pudéssemos esperar. Como se tivéssemos tempo pra esperar. Muitas pessoas depositam essa angústia no que chamam de fé. Uma fé confortável e tenra. Uma fé que se baseia somente no conforto de pensar que existe alguém conosco, nos olhando, cuidando como se cuida de um filho. Mas é só pelo simples prazer de estar confortável e se sentir amado. Sinto inveja de como as pessoas conseguem acreditar nisso de uma forma tão completa, mas ao mesmo tempo sinto que não conseguiria viver me enganando. Não é algo que eu possa simplesmente internalizar em mim, me forçar a isso. Não quero me forçar a nada! Entretanto respeito! Respeito a fé. Aprendi a respeitar.
    Tenho pensado frequentemente no meu irmão. No quanto eu queria abraçá-lo. Só-mais-uma-vez. Talvez essa seria uma das poucas vezes, se eu tivesse o poder de fazer com que isso acontecesse. Vão fazer 2 anos desde então, e eu ainda tenho a breve sensação de que algum dia ele pode voltar e dizer que só foi por um tempo, só o tempo de eu sentir saudades o suficiente dele e então ele ter certeza do quanto eu o amo! Eu sei que tudo isso, a forma como eu penso nele, tem que ser muito dosada, já que saudades constante é dor. Unicamente dor! Tenho que  me frear, assim como se freia um animal selvagem e tempestuoso, já que as coisas pra mim só funcionam se forem cheias de taras e obsessões. Sim! O controle aparente é só uma capa de convivências. Sei que se algum dia eu tirar será só pra hora do adeus.
    Eu entendo que as pessoas se vão, mas eu simplesmente não aceito. Rejeito essa possibilidade e carrego comigo um pouco da ilusão necessária à vida. A ilusão de que elas podem voltar, de que na verdade nunca se foram. Às vezes gosto de pensar como quando criança, quando não se tem o peso da vida, que tudo não passa de uma grande brincadeira, e no final tudo vai voltar ao normal. Talvez essa seja a minha fé. Uma fé que criei pra mim, só pra mim. Aliás, pra quem quiser compartilhar dessa "lagoa verde e morna" comigo. Não preciso estar sempre sozinha e armada contra qualquer tipo de aproximação, não é verdade? Mas não se pode deixar que a fantasia passe disso. Alguns chamam isso de Deus. Eu apenas chamo de fantasia. Aquele tesouro da infância que nunca se deve deixar perder. E talvez esse seja o sentido, o sentido de tudo isso! Não é fácil se tornar adulto, assim como não é fácil carregar esse tesouro. Uns quardam numa gaveta, bem lá no fundo pra que não passem por loucos ou irresponsáveis, e no final de tudo tentam recuperar. Mas às vezes é tão difícil, pois já se passou tanto tempo que perde-se a prática. Outros atiram-na em um lago profundo, e se escondem a vida inteira atrás de uma verdade-qualquer-inquestionável que criaram para se sentirem seguros e não ridículos. Nem se lembram mais do momento em que perderam toda a sorte de estarem vivos. E outros, finalmente, usam-na . Saboreiam-na. Porque quando se traz dentro do bolso, ela nunca se gasta.
    Sinto que por toda a minha vida, lá no fundo, esperarei que ele volte. Meu irmão. Não, ele nunca seria capaz de me abandonar. Ele sempre soube que ele era o meu porto seguro quando compartilhávamos da mesma sensação de abandono. Ele sabe que não poderia me deixar nem por um minuto, já que a vida inteira sempre éramos eu e ele. E de alguma forma ele não se foi, já que ele sempre estará guardado no fundo dos meus olhos. Vendo tudo o que ele não pôde experimentar da vida. Sentindo através das minhas mãos tudo o que não pôde tocar. E seguindo, através dos meus passos, todo o caminho que ele não pôde conhecer. Mais uma vez entendo. Entendo que foi uma escolha, mas isso eu nunca poderia aceitar. E para isso uso a minha boa e velha ilusão, que tento sempre guardar nesse bolso que lhe é de costume!

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Isso que eu chamo de postagem introspectiva...
    Conseguiu me deixar sem palavras e com lágrimas nos olhos.
    Lindo! É a minha preferida.

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  3. Ruy, obrigada por passar o dia inteiro comentando os meus textos. hasuashuas
    Pro mais que pareça introspectivo, esse blog nada mais é do que reflexão-convite. Beijos! Saudades!

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