segunda-feira, 27 de junho de 2011

As Cousas do Mundo (Gregório de Matos)

Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa,
Mais isento se mostra o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa
E mais não igo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Verborragia

Saudades do pôr-do-sol, de andar de bicicleta, andar pela rua sem ter que ir realmente a algum lugar, saudades dos amores, da perna bamba, da falta de fôlego, da tarde vermelha e bucólica. Sinto que alguma coisa está diferente. Alguma coisa nova VAI acontecer. A força da correnteza que desce as montanhas não é nada além do produto da gravidade. Pois a calmaria é seu âmago, mas só se externa de forma agressiva, forte, dura. O que fazer quando um rio não sabe mais para onde seguir, senão o seu caminho que há anos vem sendo trilhado pela força das águas? E se um rio for apenas mais um lago-manso? O que fazer quando não se sabe para qual afluente ir? E se aquele curso d'água voluptuoso-volumoso se transforma em um braço estreito e imperceptível? O suor que dele brota é o esforço de se manter no caminho. Não se deve sair do caminho. É perigoso demais. Por que não? Por que sim? A solidão só aprece quando uma fresta de incerteza toma conta do espaço. Pára!! É sua vez!! Você escolhe!! E o medo? Existe. E depois? Depois a ecolha. E depois? A certeza. E depois? O medo? Mas as águas de um rio nunca voltam. Não são as mesmas. São outras? São um infinito. Um ciclo infinito. Mas um rio é aquele que sempre vai. Consciente ou incosciente, ele vai! A mata escura e densa e fria me acolhe de um jeito que não se sabe como. Me acolhe. Acolhe. Colhe. Olhe. O eco  da mata densa é previsível mas sábio. Corre! Corre! Os escuros olhos que me olham são a hipnose da alma. Hipnotizado, completamente hipnotizado. Olhos que se entreolham no escuro são como a descoberta do inevitável: o medo e o místico e o misterioso. Medo cura os olhos do que vier de bom e pleno. Dome. Medo. Demo. Mude.